quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Confissões Pág. 04


Aquela me pareceu ser a semana mais longa de minha vida. Os dias pareciam não ter pressa nenhuma, e as horas arrastavam-se deliberadamente. Nada do que eu fazia me trazia paz. nem mesmo as reuniões que fazíamos todos os dias para encontrarmos os amigos, e conversar , e nos divertirmos, conseguiam me acalmar. Eu, na realidade, não tinha vontade alguma de encontrar quem quer que fosse; à não ser ela. Mas, "Ela" estava muito distante de mim, em todos os sentidos. Ela, podia se dizer, era uma mulher feita, pelo menos comparada a mim. Já tinha 18 anos, trabalhava, era independente, livre. Eu, pobre coitada, 14 anos de pura burrice diante das coisas da vida, estudava, e era completamente dependente, precisava de minha mãe para tudo, por isso era cheia de limitações: horários, amigos, festas, tudo tinha que ser aprovado por minha mãe. Como eu em tais condições, poderia ter a pretensão de querer aquela mulher ? o que poderia oferecer a ela, que ela já não tivesse ? aquela parecia ser a minha primeira e assombrosa crise existencial, e eu não estava preparada para enfrentar, nem sabia o que era aquilo. Era muita coisa, informação demais para mim. Todas essas perguntas fervilhavam em mim, e se misturavam com àquela imagem bela, surreal, fantástica. E a semana se arrastava... nada do que eu fazia me trazia ânimo, alento, ou consolo. Precisava dela, cada dia mais. Não tolerava a presença de Danilo, evitava sua aproximação, não queria que ele me tocasse, e seu beijo agora, me era totalmente indiferente. Sentia uma espécie de "asco" quando ele me beijava, e dava graças a Deus quando ele ía embora. À noite quando me deitava para dormir, rezava e pedia aos céus, para que os dias passassem logo e o fim de semana chegasse. E finalmente era domingo, um maravilhoso dia de sol, onde as coisas mais comuns e corriqueiras, me pareciam um presente dos deuses. esperava impaciente à porta, até que Dila finalmente chegou. Tomamos o ônibus, sentamos, não falávamos, embora isso não fosse habitual. Fizemos o trajeto inteiro cada uma com seus pensamentos. Eu pensava nela e não me importava saber em que Dila pensava, embora naquela hora eu ainda não soubesse, mais tarde eu iria me arrepender de não ter prestado mais atenção aos pensamentos de minha amiga. Estávamos já bem próximo do club. Meu coração disparava dentro do peito, minhas pernas não obdeciam ao meu comando, minhas mãos suavam e minha boca estava ressecada tamanha era a ansiedade que me comia por dentro. Finalmente estávamos lá, a dois passos da entrada. E eu pensei : será que ela já chegou ? e se ela não tiver vindo ? entramos, e meu estado de nervos era tão tenso que não notei que ela nos olhava da sacada do andar de cima. Ela, eu soube disso depois, não acreditou ao ver que eu e Dila éramos amigas, pois ela havia se interessado por nós em momentos e dias diferentes, sem saber de nossa afinidade. Seguimos, conversando um pouco, até o meio do salão. De repente minha atenção, como que atraída por um imã poderoso, me fez olhar em direção à escada, e tudo virou festa dentro de mim. Era ela, estava alí feito uma aparição maravilhosa como da primeira vez. Me presenteou com aquele sorriso maravilhoso, que me fez vibrar como se tivesse sido atingida por uma corrente elétrica. Apertei, involuntariamente o braço de Dila, e fiz isso com tanta força que ela assustou. Então, com a maior discrição que eu pude ter, pedí a ela que olhasse discretamente para a escada, para ver a mulher de que eu lhe falara. Dila então sorriu e disse:
- é a mesma mulher que ficou olhando para mim.
- surpresa eu indaguei: tem certeza ?
- sim, tenho.
- mas ela é totalmente diferente do que você me falou, nem de longe parece com ela.
- mas é ela, tenho absoluta certeza.
- tudo bem então, vamos sentar.
atravessamos o salão e eu fiquei, por um longo tempo absorta em pensamentos: como podiam duas pessoas, no caso eu e Dila, enxergarmos e descrevermos, uma única pessoa de modo tão diferente. A mulher que eu vira nem de longe parecia com a que minha amiga descrevera para mim. O poder desses pensamentos me tiraram momentâneamente da realidade, e só acordei desse estado de torpor ao ouvir aquela voz que me perseguira por toda a semana, perguntando: Posso sentar ? era ela, estava alí ainda mais linda que da primeira vez. E eu agradecí à Deus por Dila estar alí comigo.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Um tempo para reflexão

Pense que o dia de ontem, foi apenas um sonho.
Que o dia de amanhã, será uma simples visão.
Mas que o dia de hoje seja bem vivido,
fazendo de cada dia presente um sonho de felicidade,
e de cada dia futuro, uma visão de esperança.